Pós parto imediato consiste nos primeiros 10 dias após o parto, salvo intercorrências, a critério médico, segundo a Lei 11.108 de 07 de abril de 2005, regulamentada pelo Ministério da Saúde. Inicia-se então no terceiro período clínico do parto, que é imediatamente após o nascimento do bebê até a expulsão da placenta e termina no 10º dia após o parto.
O profissional de enfermagem possui papel fundamental na detecção precoce de alterações e agravos tanto na puérpera quanto no recém nascido. É necessário que esse profissional considere as questões fisiológicas e psicológicas e seja capaz de oferecer uma atenção integral e humanizada ao binômio. Nesse momento o enfermeiro deve assegurar o mínimo de separação entre mãe-bebê.
Tipos de condutas adotadas no Terceiro Período:
(cada uma delas deve ser explicada à gestante).
- Conduta ativa: uso rotineiro de substâncias uterotônicas; clampeamento e secção precoce do cordão umbilical; tração controlada do cordão após sinais de separação placentária.
- Conduta fisiológica: sem uso rotineiro de uterotônicos; clampeamento do cordão após parar a pulsação; expulsão da placenta por esforço materno.
Observação e monitoração da mulher imediatamente após o parto:
Realizar as seguintes observações da mulher logo após o parto:
- temperatura, pulso e pressão arterial;
- lóquios e contrações uterinas;
- examinar a placenta e membranas: avaliar suas condições, estrutura, integridade e vasos umbilicais;
- avaliação precoce das condições emocionais da mulher em resposta ao trabalho de parto e parto;
- micção bem sucedida.
- Transferir a mulher ou solicitar assistência de médico obstetra, se este não for o profissional responsável, se qualquer das seguintes situações forem atingidas, a não ser que os riscos da transferência superem os benefícios:
- pulso >120 bpm em 2 ocasiões com 30 minutos de intervalo;
- PA sistólica ≥ 160 mmHg OU PA diastólica ≥ 110 mmHg em uma única medida;
- PA sistólica ≥ 140 mmHg OU diastólica ≥ 90 mmHg em 2 medidas consecutivas com 30 minutos de intervalo;
- proteinúria de fita 2++ ou mais E uma única medida de PA sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg;
- temperatura de 38°C ou mais em uma única medida OU 37,5°C ou mais em 2 ocasiões consecutivas com 1 hora de intervalo;
- bexiga palpável e ausência de micção 6 horas após o parto;
- emergência obstétrica – hemorragia pós-parto, convulsão ou colapso materno;
- placenta retida ou incompleta;
- lacerações perineais de terceiro e quarto graus ou outro trauma perineal complicado.
Cuidados com o períneo:
no momento do parto pode haver a laceração da região perineal. Essa lesão é dividida em graus:
- Primeiro grau – lesão apenas da pele e mucosas
- Segundo grau – lesão dos músculos perineais sem atingir o esfínciter anal
- Terceiro grau – lesão do períneo envolvendo o complexo do esfíncter anal:
- 3a – laceração de menos de 50% da espessura do esfíncter anal,
- 3b – laceração de mais de 50% da espessura do esfíncter anal,
- 3c – laceração do esfíncter anal interno.
- Quarto grau – lesão do períneo envolvendo o complexo do esfíncter anal (esfíncter anal interno e externo) e o epitélio anal.

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Outro ponto muito importante é a observação dos lóquios, que consiste em secreções uterinas e vaginais que são eliminadas durante o pós parto. É dividido em:
- Sanguinolentos: vermelho-vivo por 2 a 4 dias (lóquios rubros);
- Serossanguinolenta: tornam-se mais pálidos (rosados) à medida que o sangramento se reduz (lóquios serosos);
- Branco: após 7 dias, tornam-se esbranquiçados ou amarelados (lóquios brancos).
Puerpério
O puerpério é o período em que as alterações fisiológicas causadas no corpo da mãe pela gravidez retornam ao normal. É importante ressaltar a importância do olhar do profissional para além do fisiológico nesse momento. Devido à todas essas alterações fisiológicas e hormonais a mulher pode estar mais suscetível a alterações psicológicas importantes. O puerpério é dividido em três fases:
- Imediato (1° ao 10° dia),
- Tardio (11° ao 45°)
- Remoto (45° dia em diante).
Dentre as alterações psicológicas mais prováveis de acontecer com a mãe nesse período, temos:
- Tristeza puerperal (Baby Blues): caracterizado por choro, insônia, irritabilidade, cansaço, flutuação do humor. Duração normal em torno de 10 dias.
- Depressão puerperal: tristeza, abatimento, anorexia, distúrbios do sono, ideias suicidas. De início insidioso e desenvolvimento lento.
- Transtorno psicótico puerperal: confusão mental, alucinações, delírios, pensamentos de machucar o bebê, sintomas evoluem para formas maníacas. Início abrupto.
Cuidados com o bebê:
Os cuidados com o bebê imediatamente após o parto são realizados por médico pediatra ou enfermeiro neonatologista, preferencialmente, e entre muitos, vale ressaltar:
- Realizar o índice de Apgar ao primeiro e quinto minutos de vida, rotineiramente;
- Estar sempre atento a frequência cardíaca, frequência respiratória e tônus muscular do bebê,
- Não se recomenda a aspiração orofaringeana e nem nasofaringeana sistemática do recém-nascido saudável,
- Não se recomenda realizar a passagem sistemática de sonda nasogástrica e nem retal para descartar atresias no recém-nascido saudável,
- Realizar o clampeamento do cordão umbilical entre 1 a 5 minutos ou de forma fisiológica quando cessar a pulsação, exceto se houver alguma contra indicação em relação ao cordão ou necessidade de reanimação neonatal,
- Realizar a profilaxia da oftalmia neonatal no tempo de até 4 horas após o nascimento. Pode-se utilizar pomada de eritromicina 0,5% ou tetraciclina 1%. O nitrato de prata 1% só deverá ser utilizado em caso de falta das demais.
- Também deve ser realizada a profilaxia da doença hemorrágica por meio da aplicação de vitamina K 1mg intramuscular. Estar sempre atento a frequência cardíaca, frequência respiratória e tônus muscular do bebê,
- Sempre evitar a separação do binômio na primeira hora após o nascimento (exceto em casos de emergência),
- Estimular o aleitamento materno de forma precoce, idealmente na primeira hora de vida, orientando a mãe quanto à importância desse momento para a saúde de seu bebê e ao fortalecimento de vínculo.
O enfermeiro é o profissional responsável por ensinar, mostrando na prática, os primeiros cuidados referentes à amamentação, banho, cordão umbilical, entre outros, para a mãe para que esta dê continuidade após a alta.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Saúde (2017). Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_assistencia_parto_normal.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde (2005). PORTARIA Nº 2.418, DE 02 DE DEZEMBRO DE 2005.
Disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt2418_02_12_2005.html> Acesso em 15 dez. 2022.