14 de Setembro de 2023 | 4 min de leitura

Amamentação: o que o profissional de enfermagem precisa saber

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o leite materno é o melhor alimento para o bebê e a amamentação deverá ser exclusiva até os 6 meses de idade e de forma complementar até os dois anos ou mais. A introdução precoce de outros alimentos está associada à diarréia, maior número de hospitalizações por doenças respiratórias, risco de desnutrição, absorção de nutrientes como ferro e zinco prejudicadas, entre outros. Nesse âmbito o profissional enfermeiro tem o papel de acolher a gestante durante o pré natal, orientar e sanar dúvidas sobre amamentação, apoiar e incentivar a amamentação na primeira hora após o parto, colaborando desta forma para a redução da mortalidade neonatal.

Estudos apontam que o leite materno é capaz de fornecer até o 2º ano de vida 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% de proteína e 31% do total de energia. Além disso, ele é responsável por proteger o bebê contra infecções, diminuindo consideravelmente o risco de morte no segundo ano de vida, quando comparadas a crianças não amamentadas por leite materno.

Tipos de aleitamento materno

  • Aleitamento materno exclusivo: alimentação baseada somente no leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
  • Aleitamento materno predominante: quando além do leite materno, há oferta de água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e etc.
  • Aleitamento materno: alimentação baseada no leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos.
  • Aleitamento materno complementado: quando além do leite materno, é ofertado qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo.
  • Aleitamento materno misto ou parcial: quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite.

Vantagens do aleitamento materno

Evita mortes infantis, diarréia, infecção respiratória; diminui riscos de alergias, hipertensão arterial, hipercolesterolemia e diabetes; reduz as chances de obesidade; melhor nutrição; efeitos positivos na capacidade de aprendizado; melhora do desenvolvimento da cavidade bucal; reduz o risco de CA de mama nas mulheres que amamentam; menor custo financeiro; promove o vínculo afetivo entre mãe e bebê; entre outros.

Fisiologia da amamentação

Lactogênese fase I: ocorre durante a gravidez, sobre a ação de hormônios como o estrogênio que é responsável pela ramificação dos ductos lactíferos e a progestogênio, que é responsável pela formação dos lóbulos.

Lactogênese fase II: ocorre após o nascimento do bebê, com queda dos níveis de progestogênio e aumento da prolactina secretada pela hipófise anterior que atua na produção do leite. E há também a ocitocina, também secretada pela hipófise anterior que ajuda a secretar o leite.

Lactogênese fase III: após a apojadura que geralmente ocorre entre o 3º e 4º dia pós parto, inicia-se a fase III ou galactopoiese, essa fase perdura por toda a amamentação e seu principal estímulo é a sucção do bebê e o esvaziamento da mama. Se um desses fatores forem prejudicados pode ocorrer diminuição da produção de leite materno. Portanto, quanto mais o bebê mamar, maior será a produção de leite.

Composição do leite materno

  • Colostro: é o leite produzido nos primeiros dias de amamentação. É rico em calorias e possui menor concentração de lipídios e proteínas.
  • Leite maduro: rico em calorias, porém com concentração maior de proteínas, lipídios e lactose.

Além disso, o leite materno é o responsável por fornecer anticorpos ao bebê, sendo a IgA secretória o principal anticorpo. Porém, também é rico em IgM, IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator bífido. O fator bífido é o responsável pelo crescimento do Lactobacillus bifidus, que consiste em uma bactéria responsável por acidificar as fezes e dificultar a contaminação por bactérias causadoras de diarréia como: Shigella, Salmonella e Escherichia coli.

Técnica de amamentação

A pega correta na hora da amamentação facilita a saída do leite, reduz o cansaço do bebê e torna o processo mais fácil e menos doloroso para a mãe. A pega correta consiste em: 

  • abertura ampla da boca, abocanhando não apenas o mamilo (2cm além do mamilo), mas também parte da aréola,
  • a barriga do bebê deve estar virada para a barriga da mãe,
  • o corpo e a cabeça devem estar alinhados com a cabeça no nível da mama e o nariz na altura do mamilo,
  • o queixo deve tocar a mama, as narina devem estar livres e o lábio inferior deve estar virado para fora.

Sinais que podem indicar que a pega não está adequada: bochechas encovadas, ruídos da língua, deglutição audível, mama esticada ou deformada durante a mamada, mamilos com estrias ou áreas achatadas quando o bebê solta e dor ao amamentar.


Referência:

1 DOS SANTOS, M. C. S. et al. Cadernos de atenção básica: saúde da criança, aleitamento materno e alimentação complementar. Revista de Enfermagem UFPE on line, v. 12, n. 1, p. 280, 1 jan. 2018.


NP

Natássia Pinho

Enfermeira formada pela UFRJ. Especialista em Saúde Mental. Pós-graduanda em Saúde da Família. Enfermeira RT de Caps Ad.