1 de Agosto de 2023 | 5 min de leitura

Classificação de risco para a enfermagem

A classificação de risco em uma unidade de saúde é um método de avaliação do estado geral de saúde do paciente que garante que aquele com grau de risco mais elevado será atendido primeiro. Sendo assim, é uma forma de organizar a fila de espera. 

No âmbito da equipe de enfermagem, a resolução nº 661/2021, do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), resolve que a classificação de risco é uma atividade privativa do profissional enfermeiro. Para realizá-la, este deve ter curso de capacitação e consultório com material e equipamentos necessários, sem deixar de exercer outras funções concomitantemente quando for preciso. ¹

Neste texto, abordaremos os objetivos da classificação de risco e destacaremos os significado das cores adotadas em diferentes classificações.

Objetivos do método de classificação de risco

São objetivos da classificação de risco:

  • garantir atendimento rápido e efetivo; 
  • promover uma escuta qualificada; 
  • classificar as queixas dos pacientes que procuram os serviços de urgência/emergência, visando priorizar os que necessitam de atendimento imediato.²

No âmbito da consulta de enfermagem, os objetivos consistem em:

  • identificar fatores de risco; 
  • obter breve histórico de saúde; 
  • reconhecer a situação, queixas e sintomas e com base nisso avaliar e classificar, de acordo com os protocolos institucionais.³

Significado de cada cor na classificação de risco

Na estrutura física de uma unidade de urgência e emergência, temos divisões por cores que sinalizam o grau de gravidade dos pacientes que ali estão. Emergência é a condição de agravo à saúde com risco iminente de morte, necessidade de avaliação e tratamento imediato. 

Por outro lado, urgência é a condição de agravo à saúde com potencial risco de morte e necessidade de prioridade de atendimento o mais breve possível.

A área vermelha é o local em que ocorrem a avaliação e a estabilização de pacientes mais graves. Esse espaço conta com instrumentos e aparelhos necessários para o grau de gravidade desses pacientes. 

Após a estabilização, o paciente poderá ir para a área amarela, onde é realizada a assistência de pacientes que já estão estabilizados e têm terapêutica adotada. 

Por fim, a área verde consiste no local no qual ficam os pacientes não críticos, que são destinados à observação ou internação para posterior transferência.⁴

Das escalas de cores citadas anteriormente, usadas no processo de classificação, as duas mais conhecidas são a produzida pelo Ministério da Saúde e a Triagem de Manchester. Além delas, falaremos também, neste texto, do método START (Simple Triage And Rapid Treatment).

Escala de cores do Ministério da Saúde

Esta escala utiliza vermelho, amarelo, verde e azul.

A cor vermelha sinaliza o paciente mais grave, que necessita de atendimento médico imediato. São exemplos desses casos situações de: parada cardiorrespiratória, infarto agudo do miocárdio, anafilaxia, desconforto respiratório grave, complicações do diabetes, trauma cranioencefálico, comprometimento da coluna vertebral, politrauma grave, dentre outros. 

A cor amarela sinaliza a condição de urgência que requer atendimento rápido, podendo aguardar por até 60 minutos. São exemplos desses casos: trauma moderado ou leve, cefaleia intensa de início súbito ou progressiva acompanhada de sinais neurológicos (alterações de campo visual, dislalia, etc.), redução do nível de consciência, dor torácica, febre alta, dentre outros. 

A cor verde sinaliza o paciente sem risco de morte - logo, não urgente -, que pode aguardar em média 120 minutos em casos de baixa demanda. São exemplos: casos de asma fora da crise, dor abdominal sem alterações de sinais vitais, abscesso, intercorrências ortopédicas, dentre outros. 

A cor azul é para pacientes com consulta de baixa complexidade. Estes devem seguir a ordem de chegada.⁴

Protocolo de Manchester

A Escala de Manchester, também chamada de Sistema de Triagem de Manchester ou Protocolo de Manchester, utiliza as cores vermelho, laranja, amarelo, verde e azul da seguinte forma:

  • o vermelho, para as condições emergenciais que necessitam de atendimento imediato; 
  • o laranja, para as questões urgentes que podem aguardar até 10 minutos; 
  • amarelo, para casos urgentes que podem aguardar até 60 minutos; 
  • verde, para casos pouco urgentes que podem aguardar por até 2h; 
  • e azul, para casos não urgentes que podem aguardar por até 4h. 

No Protocolo de Manchester, as condições mais comuns de cada classificação são:⁴

  • Vermelho: comprometimento de vias aéreas, respiração inadequada, hemorragia exsanguinante, choque, convulsão, criança não responsiva, etc.
  • Laranja: dor intensa, alteração de consciência, hemorragia incontrolável alta, criança com febre alta, dor, fratura, etc.
  • Amarelo: hemorragia incontrolável baixa, febre moderada, histórico de inconsciência, etc.
  • Verde: dor leve recente, febre baixa, resfriados, viroses, dor de garganta e etc.
  • Azul: casos não urgentes, que podem ser encaminhados para unidades de atenção básica e ambulatórios.
FONTE: GOOGLE IMAGENS

Método START

O Método START – Simples Triagem e Rápido Tratamento (do inglês Simple Triage And Rapid Treatment) – é o método mais utilizado no mundo em acidentes com múltiplas vítimas. Permite uma rápida identificação de vítimas que estão em risco de morte, estabelecendo um atendimento prioritário de transporte e tratamento. 

É baseado na avaliação da capacidade de andar, na respiração, na circulação e no nível de consciência. Após a primeira avaliação dos pacientes eles são divididos em quatro cores: vermelho, amarelo, verde e preto (no Brasil, o preto foi adaptado para cinza). ⁵

Cores no Método SMART

Vermelho: Vítimas com ferimentos graves, porém com chance de sobrevida. Prioridade para remoção e transferência para um hospital.

  1. Apresentam risco imediato de vida;
  2. Mostram respiração apenas após manobras de abertura de vias aéreas;
  3. Velocidade de respiração maior que 30 movimentos respiratórios por minuto;
  4. Precisam de algum tratamento médico antes de um transporte rápido ao hospital;
  5. Necessitam ser transportadas de forma bem rápida para o hospital, para fins de cirurgia;
  6. Respiração ausente (necessidade de manobras de ressuscitação cardiopulmonar);
  7. Frequência respiratória maior que 30 incursões por minuto;
  8. Enchimento capilar menor que 2 segundos.

Amarelo: vítimas com ferimentos moderados. Podem aguardar um tempo na cena até o tratamento definitivo.

  1. Não conseguem andar, mas cumprem ordens simples;
  2. Frequência respiratória menor do que 30 movimentos por minuto;
  3. Enchimento capilar normal, menor do que 2 segundos.

Verde: vítimas com ferimentos mínimos, que podem deambular e ajudar outras vítimas mais debilitadas.

  1. Conseguem andar pela cena do acidente;
  2. Baixo risco de morte;
  3. Liberados para atendimento ambulatorial.

Cinza ou preto: Vítimas fatais (óbito). Pacientes terminais, com lesões seríssimas ou com prognósticos sombrios, que, mesmo sendo atendidos de forma imediata, não têm chance alguma de sobrevivência.

Referências:

1 RESOLUÇÃO COFEN No 661/2021. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-661-2021_85839.html>. Acesso em: 4 jan. 2023.

2 DE, J. V. S.; ARAÚJO, S. IMPORTANCE OF NURSES IN CLASSIFICATION OF HOSPITAL RISK: Integrative Review. [s.d.].

3 DE, L. A. S.; AZEVÊDO, S. A. NURSING ATTRIBUTIONS IN RISK CLASSIFICATION IN URGENCY AND. [s.d.].

4 GONÇALVES, J. C. R. PROTOCOLO DE ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) HOSPITAIS MUNICIPAIS/ SÃO LUíS/MA. [s.d.].

5 DIAS, A. O que é o Método START? IESPE - Pós-graduação e Extensão, 15 set. 2022. Disponível em: <https://www.iespe.com.br/blog/o-que-e-o-metodo-start/>. Acesso em: 4 jan. 2023


NP

Natássia Pinho

Enfermeira formada pela UFRJ. Especialista em Saúde Mental. Pós-graduanda em Saúde da Família. Enfermeira RT de Caps Ad.