A ideia da criação de uma Unidade de Terapia Intensiva partiu da enfermeira italiana Florence Nightingale, em 1854, durante a Guerra da Crimeia. Ela concluiu que alocar os pacientes mais graves próximos aos profissionais da saúde facilitaria o seu atendimento e monitoramento.
Dessa forma, envolvida com o cuidado de soldados cuja taxa de mortalidade beirava os 40%, Florence – juntamente de uma equipe treinada – contribuiu para que essa taxa diminuísse para 2%.
Os cuidados intensivos para manter a homeostasia do paciente são diversos, mas se destacam a monitorização de sinais vitais e avaliação de sintomas, a avaliação e o manejo da dor e a avaliação nutricional e psicológica. A continuidade do cuidado é o que garante a melhora do paciente.
Diferença entre CTI e UTI
O cuidado intensivo na unidade hospitalar é ofertado em Centros de Tratamento Intensivo ou em Unidades de Tratamento Intensivo – CTI e UTI, respectivamente. Apesar de ambos tratarem os casos mais graves e que necessitam de maiores cuidados, a diferença entre os dois não fica apenas no nome.
Centros de Tratamento Intensivo são comuns em hospitais de pequeno porte e normalmente recebem pacientes que necessitam de monitoramento constante e não específico de uma patologia. Isso engloba desde monitoramento e cuidados pós-cirúrgicos até doenças cardíacas, renais, respiratórias, entre outras. A equipe que atua no CTI é multiprofissional, composta por técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, dentistas, entre outros.
Unidades de Terapia Intensiva são comuns em hospitais de médio e grande porte e são específicas para um segmento e/ou para uma faixa etária. No caso da faixa etária, normalmente são divididas em UTI Neonatal, UTI Pediátrica e UTI Adulta. Na divisão por segmentos, o mais comum é encontrar UTI Neurológica, UTI Cardiovascular e UTI Cirúrgica. A equipe que atua na UTI também é multiprofissional e geralmente especialista no segmento.
Exemplos de aparelhos encontrados em CTI e UTI
Tanto o CTI quanto a UTI contam com aparelhos que realizam a monitoração dos pacientes devido à gravidade envolvida, mantendo-os estáveis dentro das possibilidades de cada caso.
Nesse sentido, os aparelhos mais usados nesses locais são:
- Monitor multiparâmetro: É capaz de realizar a leitura de múltiplos sinais vitais ao mesmo tempo, como pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, entre outros. Sua leitura pode ser feita por meio de sinais sonoros e visuais capazes de alertar a equipe profissional sobre o estado do paciente.
- Bomba infusora: Existem diversos tipos de bombas de infusão, mas, de forma geral, elas são usadas para fornecer soro, medicamentos, alimentos, aminas e sedativos aos pacientes em quantidades exatas por tempo (previamente calculado).
- Oxímetro: Aparelho usado na ponta dos dedos para medir a oxigenação no sangue e a frequência cardíaca.
- Ventilador pulmonar: Equipamento mecânico capaz de aliviar o esforço respiratório do paciente, realizando por ele a troca de gases quando o organismo está incapaz de concluir o processo de respiração com eficácia.
Procedimentos técnicos mais comuns em Centro de Tratamento Intensivo e Unidade de Tratamento Intensivo
Estão listados a seguir alguns dos procedimentos mais comuns realizados em CTIs e UTIs. Muitos desses procedimentos são feitos pelo enfermeiro e pelo técnico de enfermagem. Outros são exclusivos do profissional médico, os quais recebem, porém, o auxílio da enfermagem. O mesmo acontece em procedimentos realizados pelas outras categorias profissionais, que, frequentemente, são auxiliados pela equipe de enfermagem.
- Banho no leito;
- Realização de higiene oral;
- Curativos;
- Acesso venoso periférico;
- Acesso venoso central;
- Administração de medicações;
- Punção arterial;
- Suporte de O²;
- Sondagem vesical de alívio;
- Sondagem vesical de demora;
- Sondagem nasogástrica;
- Sondagem nasoenteral;
- Instalação de Nutrição Parenteral;
- Instalação e manutenção de bolsa de colostomia;
- Montagem de sistema de PAM/PAI (pressão arterial média/pressão arterial invasiva);
- Gasometria arterial;
- Montagem de ventilador mecânico;
- Intubação endotraqueal;
- Ultrassonografia à beira-leito;
- Traqueostomia percutânea;
- Inserção de drenos torácicos;
- Hemodiálise à beira-leito;
- Conferência e reposição do carrinho de parada;
- Registro de evolução dos pacientes.
Além de executar esses procedimentos ou auxiliar nos demais, o enfermeiro é responsável por supervisionar a equipe de técnicos de enfermagem, registrar tudo em prontuário, preencher e monitorar balanço hídrico, estar atento a POPs e bundles, atuar em intercorrências junto com os outros profissionais, passar o plantão de forma eficaz, entre outras atividades.
O cuidado intensivo oferecido aos pacientes no ambiente de UTI é um cuidado altamente técnico e objetivo, que visa ao monitoramento e a assistência médica e de enfermagem contínua com o objetivo de recuperar a saúde dos pacientes. Dessa forma, a fim de garantir um cuidado efetivo, é necessária uma comunicação eficaz entre os diversos profissionais que atuam na UTI e os plantões que se seguem, concretizando, assim, a continuidade do cuidado.
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