As tão comentadas fake news, como são as chamadas as notícias falsas, não dizem respeito apenas ao jornalismo em si. Na saúde, o compartilhamento de informações distorcidas, ambíguas, mentirosas, desatualizadas ou de origem duvidosa é visto como um dos determinantes para o movimento de queda na cobertura vacinal, por exemplo.
O impacto de informações de baixa qualidade também é visto a partir do crescimento da automedicação, que no Brasil chega a 80%. Apesar de ser considerada por especialistas um direito do consumidor, a automedicação tem seus limites. E o farmacêutico é um dos profissionais melhor capacitados para deter o avanço da desinformação. Afinal, ele é o primeiro na escala de atendimento.
É na farmácia que a população busca a solução para dores e desconfortos, e mesmo diagnosticar as causas e consequências do mal-estar. Motivadas principalmente por orientações provenientes da internet, muitas pessoas chegam à drogaria com o objetivo de sair medicadas ou com o problema resolvido.
Esse cenário era esperado há tempo. Na década de 1970, com o surgimento do conceito de medicalização social, compreendeu-se que a sociedade estava deslumbrada com a potencialidade biomédica – e com a crescente tecnologia. Desse fenômeno surgiu a cultura literal do “há remédio para tudo”.
É o que explica o Wellington Barros da Silva, consultor do Conselho Federal de Farmácia (CFF). “A medicalização associada à profusão de informação leva ao uso inadequado e não crítico. O farmacêutico deve colaborar para que o cidadão comum se aproprie da informação e da tecnologia de saúde de tal modo que faça bom uso, minimizando riscos”, afirma.
Atualmente, outro comportamento toma conta do mundo virtual: o empoderamento. No âmbito da saúde, acredita-se que o bem-estar não está atrelado à necessidade de mediação de profissionais: basta encontrar uma solução na internet e colocá-la em prática a partir da experiência de terceiros.
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“Como a proliferação de informações cria a sensação de autonomia, as pessoas não consideram o diferencial da qualidade e da isenção”, lamenta Silva.
A qualidade da informação de saúde é uma das missões da farmácia clínica. “O farmacêutico é um provedor de serviços relativos ao uso adequado de medicamentos. Por isso, deve ser mediador de informações adequadas tanto para os profissionais de saúde quanto para a sociedade, fazendo a triagem da melhor informação científica”, afirma o consultor do CFF.
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