A ação do vírus zika e sua relação com microcefalia segue sendo pauta de extrema importância na agenda médica. Passada a emergência que colocou o assunto no centro dos debates de saúde pública nacional, entre 2015 e 2016, quando foram registrados mais de 1,6 milhão de infecções do tipo, novos casos ainda são registrados. Mesmo que tenham diminuído drasticamente – foram 95% incidências a menos no primeiro semestre de 2017 –, os nascimentos de bebês com microcefalia e lesões como disfagia, artogripose e alterações auditivas e oculares graves continuam surgindo.
A realidade coloca o quadro em alerta. Até porque a dispersão do vírus pelo continente africano, onde em 1947 surgiu o primeiro registro, aconteceu de maneira lenta. No Brasil, o primeiro evento associado ao zika aconteceu em 2014, depois de muitas recombinações genômicas. Desde então, a própria transmissão do vírus zika é vista como um desafio. Os agravos decorrentes da ação do vírus (como a síndrome de Guillain-Barré e encefalite), bem como a própria microcefalia, são portanto temas considerados recentes.
Em função de sua classificação filogenética, o vírus zika pode ser classificado como um arbovírus do gênero flavivírus. Pertencente à família Flaviviridae, tem como principal forma de transmissão os mosquitos do gênero Aedes. Em especial, o Aedes Aegypti, o tipo mais comum encontrado no Brasil. A transmissão usual acontece com a picada desse vetor, que também transmite os vírus da dengue e chikungunya.
Em 2016, pesquisadores conseguiram detectar a transmissão do vírus zika por relações sexuais. Além disso, ele ainda aparece em exames que avaliam urina, leite materno, saliva e até a lágrima. Entretanto, não se pode associar a presença do vírus nesses fluidos à transmissão propriamente dita.
Nenhuma definição sobre infecção do zika e seu tratamento é categórica. Nesse sentindo, é fundamental que profissionais da ginecologia e obstetrícia atualizem-se permanentemente. O artigo “Infecção pelo vírus zika e gestação”, de autoria de Geraldo Duarte, Marília Carolina Razera Moro, Greici Schoereder e Suzi Volpato Fabio, demonstra o quadro de diagnóstico, infecção, parto e conduta de aconselhamento para a gestante — além de trazer exemplos práticos com casos clínicos de maneira didática tanto para médicos quanto estudantes.
O material faz parte do 14º ciclo do Programa de Atualização em Ginecologia e Obstetrícia (PROAGO). Desenvolvido pelo Secad, o PROAGO traz outros temas relevantes que estão em discussão, como atonia uterina, oncofertilidade, hipertensão pulmonar e infecção urinária na gestação, pré-natal odontológico, assistência à mulher vítima de violência sexual e avaliação endocrinológica em ginecologia – sempre a partir do olhar de profissionais com experiência acadêmica e de mercado. Confira abaixo a lista completa dos temas do novo ciclo:
- Oncofertilidade
- Imunoterapia e câncer genital
- Infecção pelo vírus zika e gestação
- Hipertensão pulmonar na gestação
- Atonia uterina
- Colposcopia na era da biologia molecular: ampliação ou restrição do método
- Distocias: diagnóstico e tratamento
- Infecção urinária na gestação
- Maturação do colo
- Redução do líquido amniótico
- Transfusão massiva no sangramento pós-parto: ressuscitação hemostática
- Como reduzir a incidência do câncer de mama
- Evidências atuais para utilização de hormônios bioidênticos
- Gravidez ectópica: avanços recentes
- Lúpus eritematoso sistêmico na gestação
- Pré-natal odontológico
- Uso de pessário cervical na prevenção da prematuridade
- Avaliação endocrinológica em ginecologia
- Conduta na síndrome dos ovários policísticos
- Evidências atuais sobre os fitoestrogênios
- Fórcipe e vacuoextrator: diferenças de uso na prática obstétrica
- Pólipos endometriais
- Reserva ovariana na fase reprodutiva