O atendimento psicoterápico de casais é uma habilidade cada vez mais requisitada dos profissionais que trabalham com psicologia clínica e da saúde. Afinal, as formas de se relacionar sofrem constantes alterações e muitas pessoas sentem dificuldades no trato cotidiano da relação.
Mas de qual forma esse ramo dos estudos psicológicos pode ajudar? Nesse sentido, como os psicólogos podem se preparar para atender esse tipo de caso? Levando essas questões em consideração, preparamos este post. Caso se interesse em saber mais, leia o texto até o fim!
O que é atendimento psicoterápico de casais?
Também chamado de terapia de casal ou conjugal, ela consiste em um atendimento voltado ao relacionamento entre duas pessoas. Em termos resumidos, pode-se dizer que ambas são atendidas com o intuito de contornar possíveis crises ou dificuldades.
Nele também são identificados pontos de conflito dentro da relação com o objetivo de amenizá-los e encaminhar as mudanças desejadas. Uma das principais ideias envolvidas no processo é mediar os problemas apresentados. Assim, é possível auxiliar cada um a perceber e compreender a perspectiva que o outro tem sobre as situações apresentadas.
Qual a importância da terapia de casais dentro da disciplina de psicologia?
Ela é tão relevante quanto qualquer outro tipo de atendimento clínico, seja ele individual ou coletivo. Dessa forma, é viável dizer que sua importância dentro da psicologia é igual aos estudos feitos na intenção de melhor atender o público jovem que lida com o estresse pré-vestibular, por exemplo.
Maria Angela Marchini Gorayeb, que é é especialista em Psicologia Clínica e Hospitalar, Mestre em Saúde Mental e Terapeuta Cognitiva e certificada pela Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, concedeu uma entrevista ao Secad e nos ajudou a refletir sobre a temática.
Para ela, esta e outras especificações requerem uma preparação especial por parte do profissional da clínica. “Qualquer uma destas especificações (…) requer a aprendizagem de técnicas específicas (ou a adaptação de técnicas que não tenham sido desenvolvidas especificamente para as mesmas), conhecimento e atenção às suas peculiaridades”.
Por isso, atender com excelência alguém que sofre com compulsão alimentar, por exemplo, necessita de preparativos geralmente distintos daqueles que auxiliam no atendimento fornecido a casais, porque os problemas em questão são muito diferentes entre si e requerem conhecimentos diversos.
Gorayeb ainda complementa sua visão, explicando-a. “Ter conhecimento e prática em terapia individual não habilita plenamente um terapeuta para o atendimento de casais, cujas problemáticas, necessidades e relação com o profissional são distintos”.
Quais são os principais desafios dessa área?
Além da mencionada dificuldade de lidar com as especificidades inerentes aos métodos usados para conduzir uma terapia de casal, também há o desafio de fazer um bom atendimento e encontrar bases teóricas capazes de aprimorá-lo.
Segundo Maria Angela, “o principal desafio é lidar, paralelamente, com a problemática da interação entre o casal e suas problemáticas como indivíduos nesta interação. Há ainda uma escassez de material técnico cientificamente validado disponível, em comparação aos outros atendimentos psicoterápicos”.
Ou seja, há percalços teóricos e metodológicos, que estão presentes na própria forma de atender duas pessoas, encarando-as como indivíduos inseridos em uma relação. Sendo assim, aumenta a necessidade de preparação e atualização profissional para os psicólogos que se interessam pela área.
Inclusive, este artigo acadêmico, escrito por Terezinha Feres-Carneiro, pesquisadora do Departamento de Psicologia da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), traz reflexões muito valiosas sobre as peculiaridades da terapia conjugal.
De acordo com a estudiosa, “o compromisso da terapia é com a promoção da saúde emocional dos membros do casal e não com a manutenção ou a ruptura do casamento”. Isso reforça o que foi dito por Gorayeb sobre a problemática de cada indivíduo.
Feres-Carneiro vai ainda mais adiante a respeito das particularidades em questão na área. “Muitas vezes, é apenas no casal que alguns sujeitos podem metabolizar um certo número de suas tendências arcaicas e regressivas, que ficariam sem vir à tona, podendo se exprimir apenas de maneira patológica ou associai. Diante do casal, o clínico tem um acesso privilegiado a uma mobilização psíquica individual, que ficaria inacessível”.
Como se preparar adequadamente para o atendimento psicoterápico de casais?
Diante de tantos conteúdos complexos, o profissional de psicologia que pretender atuar com excelência nessa área carece de preparação. A parte positiva dessa necessidade é que existem muitas formas de lidar com ela e resolvê-la.
O estudo continuado, por exemplo, é uma ótima maneira de buscar boas referências e acumular conhecimentos relevantes para a realização da terapia de casal.
Por que é importante se manter atualizado nessa área dentro da psicologia?
Além de ser uma área cuja demanda tem apresentado um considerável crescimento nos últimos anos, ela tem um grande impacto em diversas esferas sociais e familiares, como bem aponta Maria Angela: “(…) a satisfação na relação conjugal repercute amplamente não só na vida do casal, mas dos filhos e outros familiares, afetando o desenvolvimento, bem-estar, saúde física e mental de todos”.
Enfim, o profissional de psicologia que tem o interesse de atuar especificamente com essa área precisa se atualizar constantemente e se utilizar de técnicas de aprendizagem que lhe ajudem a ter uma boa produtividade nos estudos. Afinal, o atendimento psicoterápico de casais cumpre um importante papel dentro da clínica e precisa ser encarado com muito profissionalismo.
Para se aprimorar profissionalmente e entender mais sobre esse tema, conheça a atualização em Psicologia Clínica e da Saúde desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP).